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A consolidação desse poder oligárquico, entretanto, começou apenas com o

sucessor de Prudente de Morais, Campos Sales, que inaugurou a chamada „política dos

governadores‟, um arranjo no qual o governo central sustentava os grupos dominantes

dos estados que, em troca, apoiavam a política do presidente da República. Esses

arranjos eram reproduzidos no nível estadual entre os governadores e os proprietários

rurais mais influentes dos municípios, os coronéis – assim chamados pois muitos deles

haviam recebido essa patente da Guarda Nacional – e representavam um verdadeiro

obstáculo ao exercício dos direitos políticos, pois os chefes locais acabavam

controlando os eleitores, ao trocar votos por favores. A isso somavam-se outras fraudes,

com o intuito de manter ou colocar algum candidato em determinado cargo político, e o

próprio desinteresse da população, como atesta o baixo número de votantes nesse

período.

Já na década de 1920, essa política passou a sofrer forte oposição, com o

descontentamento de setores do Exército, da população urbana e de grupos oligárquicos

regionais que ajudavam a sustentá-la. Nesse momento, ocorreu a organização da

chamada Reação Republicana, que reuniu representantes dos estados do Rio Grande do

Sul, da Bahia, de Pernambuco e do Distrito Federal, revelando as tensões

interoligárquicas existentes. Em seu manifesto, a Reação Republicana fazia a crítica ao

processo adotado pelos grandes estados para a escolha do candidato à Presidência e

reivindicava maior autonomia para o Legislativo frente ao Executivo (FERREIRA,

1993, p. 10 e 15).

Em junho de 1921, foi lançada a candidatura dissidente de Nilo Peçanha, mas,

apesar da oposição, o candidato da aliança Minas Gerais - São Paulo, Artur Bernardes,

saiu vitorioso nas eleições do ano seguinte. O seu governo foi marcado pela

instabilidade política e a decretação permanente de estado de sítio. Em 1922, ainda

durante o mandato de Epitácio Pessoa, ocorreu a revolta dos tenentes no Rio de Janeiro,

que foi seguida de rebeliões militares no Rio Grande do Sul, em 1923, e em São Paulo,

em 1924. Nesse último ano, muitos dos rebeldes que participaram desses movimentos se

reuniram na chamada Coluna Prestes, que percorreu várias partes do país durante dois

anos.

No final do governo de Pessoa, em 3 de setembro de 1926, foi aprovada a

primeira reforma da Constituição, que ampliou os casos de intervenção do governo

federal nos estados, cerceou atribuições do Congresso Nacional, instituiu o veto parcial,