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Henrique Charles Morize

Publicado: Quinta, 24 de Agosto de 2023, 08h35 | Última atualização em Quarta, 11 de Outubro de 2023, 18h58 | Acessos: 385

Nasceu na França, na cidade de Beaune, Borgonha, em 31 de dezembro de 1860. De região célebre pela produção de vinhos, sua família dedicava-se ao comércio da bebida, migrando para o Brasil em 1874, após a crise político-financeira decorrente da guerra franco-prussiana (1870-1871). Instalaram-se no Rio de Janeiro, mas se transferiram para São Paulo em virtude da epidemia de febre amarela que assolava a capital do Império. Sua tia Cécile Henry, que assumiu seus cuidados depois da morte de sua mãe em 1865, fundou um colégio para moças que, apesar do sucesso, não era suficiente para garantir o sustento da família. Trabalhou como ajudante na livraria Garraux e mais tarde, como ajudante de telegrafista na estrada de ferro do estado de São Paulo. Em 1880, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde permaneceu por pouco tempo, transferindo-se no ano seguinte para o Rio de Janeiro para cursar engenharia na Escola Politécnica, curso que dividiria com os estudos astronômicos e concluiria apenas em 1890. Em 1884, naturalizou-se brasileiro, mesmo ano em que ingressou no Observatório Imperial do Rio de Janeiro, como aluno-astrônomo, nomeado terceiro-astrônomo em 1885. Ao longo de sua vida profissional, dedicou-se à pesquisa em diversas áreas, como física, astronomia, estudos de sismologia, que iniciou no Brasil, além de forte atuação na divulgação científica e na difusão do ensino experimental, campo em que também foi pioneiro. Em 1889, esteve à frente de projeto para a criação de uma rede de estações meteorológicas em todo território nacional. Em 1892, atuou como engenheiro na Comissão Exploratória do Planalto Central, nomeada pelo presidente Floriano Peixoto e comandada por Luiz Cruls. A comissão, composta por 21 pessoas, integrada por pesquisadores, botânicos, engenheiros, geólogos, geógrafos, naturalistas, médicos, entre outros, foi criada para definir a localização da futura capital federal. Em 1893,  foi nomeado professor interino de física experimental da Escola Politécnica. Em 1896, assumiu pela primeira vez a direção interina do observatório, em substituição a Luiz Cruls, que se afastou por problemas de saúde. Em 1898, foi nomeado, por meio de concurso público, catedrático de física experimental e meteorologia da Escola Politécnica. Participou, a convite do  Ministério das Relações Exteriores, da Comissão Demarcadora de Limites do Brasil com a Argentina, em 1902, chefiada pelo general Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira. Em 1912, participou da tentativa de acompanhar o eclipse solar na região de Passa Quatro, Minas Gerais, ao lado de várias autoridades nacionais e estrangeiras, inclusive o presidente Hermes da Fonseca, o que não foi possível devido a fortes chuvas. Em 1919, chefiou a missão brasileira com o mesmo fim, em Sobral, Ceará, ao lado de dois observadores ingleses. Em 1916, fundou a Academia Brasileira de Ciências, ao lado de vários cientistas que defendiam a importância da ciência pura, tendo sido seu primeiro presidente e mantendo-se no cargo de até 1926. Em 1923, fundou na cidade do Rio de Janeiro, ao lado de Edgar Roquette-Pinto, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, primeira emissora do Brasil, com o propósito de ser um veículo de comunicação eminentemente educativo, com programação elaborada por membros da Academia de Ciências. Participou de várias instituições científicas, congressos e comissões nacionais e internacionais. Recebeu o título de presidente honorário da Academia Brasileira de Ciências em 1926. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Sociedade de Física, da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e da Sociedade Nacional de Agricultura. No exterior, foi membro da Société Française de Physique, da Société Astronomique de France, da Societé Nationale de Sciences Naturelles et Mathemátiques de Cherbourg, entre outras. Escreveu artigos de divulgação científica para publicações em periódicos como Jornal do Comércio, Revista da Escola Politécnica, A Noite, Correio da Manhã, Revista do Observatório. Morreu no Rio de Janeiro, em 19 de março de 1930.

 

Daniela Hoffbauer
Mar. 2023

 

Bibliografia

CARDOSO, Luciene Pereira Carris. Henrique Morize e a Comissão Demarcadora de Limites com a Argentina (1902-1904). In: ENCONTRO REGIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA, 14., Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3Odr2DY. Acesso em: 15 maio 2023.

DANTES, Maria A. (org.). Espaços da ciência no Brasil (1800-1930). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.

HENRIQUE Morize. In: BRASILIANA: a divulgação científica no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3xX3Ujx. Acesso em: 28 fev. 2023.

MORIZE, Henrique Charles. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012. p. 886.

VIDEIRA, A. A. Passos. Henrique Morize e a astronomia no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/41r2Kul. Acesso em: 27 fev. 2023.

______. Henrique Morize e o eclipse solar total de maio de 1919. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 41, suppl. 1, 2019.Disponível em: https://bit.ly/41vib4H.  Acesso em: 28 fev. 2023.

______. O Observatório Nacional no seu primeiro centenário: Henrique Morize e o relatório encomendado. In: HEIZER, A; VIDEIRA, A. A. P. (org.). Ciência, civilização e república nos trópicos. Rio de Janeiro: MauadX-Faperj, 2010.

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