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Caderno Mapa n.4 - A Secretaria de Estado do Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e a modernização do Império

Esse foi o contexto em que foram realizadas as reformas ministeriais na década de 1840, visto que uma

melhor organização administrativa também funcionaria como um instrumento de manutenção da

estabilidade política, assim como um meio de propagar a razão, o progresso e a construção da nação

baseada na civilização, de acordo com os ideários da elite imperia

l 9 .

Além disso, o reinado de d. Pedro II

coincidiu com a emergência de novas tecnologia

s 10

, que proporcionaram um processo de modernização da

indústria, dos transportes, das comunicações e do comércio, tendo como consequência o aumento e a

concentração da produção, a formação do capitalismo financeiro e a busca pela expansão de mercados.

Essa expansão ocorria através do aumento de produtos industrializados e também por meio da concessão

de créditos que possibilitasse a modernização dos países agroexportadores. O Brasil também fez parte

desse fenômeno e, à medida que a nação se modernizava, tornava-se necessário um aparato administrativo

que pudesse fomentar e regular esse processo. Podemos, deste modo, relacionar a criação da Secretaria de

Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas ao processo de modernização do Império,

visto que os assuntos relativos a estradas de ferro, abertura de vias, navegação, os telégrafos e demais

serviços relacionados aos avanços tecnológicos ficaram sob sua jurisdição.

Um outro aspecto que pode explicar a criação da secretaria seria a tentativa de racionalização

administrativa do Estado. A ideia de divisão da Secretaria de Estado dos Negócios do Império em outras

duas era apresentada pelos secretários da pasta desde o início da década de 1850. Em 1858, o ministro

Sérgio Teixeira de Macedo apresentou no relatório ministerial do Império a proposta de criação de uma

nova secretaria de Estado pois era difícil para uma só pessoa administrar a quantidade e a variedade de

atribuiçõe

s 11

da Secretaria de Estado dos Negócios do Império (BRASIL, 1859, p. 6).

Em nenhum país bem organizado se acham reunidos nas mãos de um só ministro serviços

tão heterogêneos. Limitando-me a exemplos de países governados pelo sistema

representativo, observo que na Inglaterra as atribuições do nosso Ministério do Império

ocorrem em seis repartições; na França por quatro; na Bélgica e em Portugal, por duas; na

Sardenha, e na Espanha por três, e nos Estados Unidos, apesar do pouco que a

constituição deixa ao poder central, mais de um ministro está investido dessas atribuições.

(BRASIL, 1859, p. 6).

9

Ver MATTOS, IlmarR. de.

OTempo Saquarema: AFormaçãodoEstado Imperial

. Riode Janeiro:Access Editora. 1999.

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A segunda metade do século XIX foi palco da chamada segunda Revolução Industrial, caracterizada pelos avanços na produção do

aço, pela descoberta da eletricidade e do petróleo, pelo avanço nas comunicações, pela melhoria do sistema de transporte, tais

como a navegação a vapor e pelos trens que possibilitaram a ampliação do comércio e a expansão do capital nos países agrícolas.

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A Secretaria de Estado dos Negócios do Império tinha como atribuição os assuntos de agricultura; indústria; artes; estradas;

canais; minas; comércio; navegação interior; estabelecimentos pios; instrução pública; escolas; colégios; universidades; academias;

corporações de ciências e belas artes; melhoramentos do interior; estatística; economia pública; os assuntos relativos a graças

mercês, títulos honoríficos; a Casa Real e a promulgação de leis e demais atos que estivessem sob sua repartição.

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