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João Nepomuceno Medeiros de Mallet

Publicado: Quinta, 25 de Janeiro de 2024, 10h20 | Última atualização em Quinta, 15 de Fevereiro de 2024, 10h26 | Acessos: 376

Nasceu em Bagé, na província do Rio Grande do Sul, em 16 de maio de 1840. De família de origem nobre e com tradição militar, era filho de Joaquina Castorina de Medeiros Mallet e do marechal Emílio Luís Mallet, barão de Itapevi, francês que chegou ao Brasil em 1818. Seu pai ingressou na Academia Real Militar após a Independência, por convite de d. Pedro I, e esteve no comando em diversas batalhas, como na Campanha Cisplatina (1825-1828), na Guerra do Uruguai (1864-1865) e na Guerra do Paraguai (1864-1870), tendo sido reconhecido como patrono da Artilharia brasileira. Fez seus estudos iniciais na cidade de Bagé e, em 1856, transferiu-se para o Rio de Janeiro, ficando sob a responsabilidade de um amigo da família, o brigadeiro João Carlos Pardal. Em 1857, foi matriculado no Colégio Episcopal de São Pedro de Alcântara e assentou praça como cadete de primeira classe, no 1º Regimento de Artilharia a Pé, na fortaleza de Santa Cruz, em Niterói. Em 1858, ingressou na Escola Central, bacharelando-se em matemática e ciências físicas, em 1863. Já formado, foi destacado para o 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, sob o comando de seu pai, servindo na 3ª Bateria, do capitão Hermes Ernesto da Fonseca, pai do futuro presidente Hermes Rodrigues da Fonseca. Combateu na Guerra do Uruguai (1864-1865) e na Guerra do Paraguai (1864-1870), estando nas mais relevantes operações da guerra, como as batalhas de Tuiuti e Estero Bellaco, a transposição do rio Paraná, Passagem de Humaitá, tomada de Lomas Valentinas e a série de batalhas conhecidas como ‘dezembrada’, na região do Chaco, que marcou a vitória das tropas brasileiras e a rendição paraguaia no forte de Angostura. Foi cadete de primeira classe (1857), alferes aluno (1859), segundo-tenente (1861), primeiro-tenente (1863), capitão (1864), major em comissão (1868), major graduado (1871), major efetivo (1878), tenente-coronel (1878), coronel graduado (1889), coronel efetivo (1890), general de brigada (1892), general de divisão (1897) e marechal (1900). Ao longo de sua trajetória militar, assumiu diferentes postos, como professor da Escola Central, no Rio de Janeiro (1872-1874), no gabinete da Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra (1878), na gestão do ministro Manuel Luís Osório, subcomandante da Escola Central (1879-1880), cuja denominação fora alterada para Escola Politécnica, no comando do Batalhão de Engenheiros (1880-1882), e comandante das Armas da província do Pará (1884). Foi o primeiro comandante da Escola Militar do Ceará, criada em 1889, demitido sob acusação de insubordinação ao ministro e secretário dos Negócios da Guerra, Cândido Luís Maria de Oliveira, o que repercutiu nos círculos republicanos e foi noticiado por jornais como A Província de São Paulo, o Diário de Notícias, o Cidade do Rio e O País. Com a Proclamação da República, ao lado do brigadeiro José Simeão de Oliveira, comunicou a d. Pedro II a ordem de embarque imediato para o exílio na Europa, devido ao temor do governo provisório pela segurança da família real, o que ocorreu em 17 de novembro de 1889. Foi intendente-geral da Guerra (1890), governador dos estados de Mato Grosso (1891) e Ceará (1892), em ambos os casos por curtíssimo período, e comandante do Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe (1892). Apoiou Deodoro da Fonseca (1889-1891) durante seu conturbado mandato presidencial (1889-1891), posicionando-se favorável ao golpe de 3 de novembro, articulado pelo ministro Henrique Pereira de Lucena, que fechou o Congresso Nacional e instaurou o estado de sítio. Fez oposição ao marechal Floriano Peixoto (1891-1894), que assumiu após a renúncia de Deodoro da Fonseca, e foi um dos signatários do “Manifesto dos 13 generais”, que questionava a legalidade do governo e pedia a convocação de nova eleição. Em represália ao manifesto, os signatários foram reformados compulsoriamente, alguns foram ainda presos e banidos. Recebeu anistia, retornando ao serviço ativo em 1895. Foi membro da Comissão de Promoções (1896), assumiu os postos de quartel-mestre general (1896), ajudante-general do Exército (1897) e ministro do Supremo Tribunal Militar (1898). Foi nomeado ministro da Guerra no governo de Campos Sales (1898-1902), quando deu início à Reforma Militar, que procurava reforçar a formação técnico-profissional do Exército e insurgia-se contra o ensino teórico. Em sua gestão promoveu a reorganização da educação militar, reestruturou o treinamento militar, aprimorou os critérios de promoção, realizou um amplo programa de melhorias dos estabelecimentos do Exército, como quartéis e fortalezas, criou novas unidades, como as escolas preparatórias e de tática, uma no Rio de Janeiro e outra no Rio Grande do Sul, além de modernizar armamentos. Foi condecorado com as medalhas de mérito militar (1869), em virtude dos atos de bravura praticados nos combates em Lomas Valentinas, a geral da Campanha do Paraguai (1872) e a de ouro do mérito militar (1902). Recebeu o título de cavaleiro da Ordem da Rosa (1865), de cavaleiro da Ordem de Cristo (1866), oficial (1868) e comendador da Ordem da Rosa (1870) e cavaleiro da Ordem de São Bento de Aviz (1873). Morreu no Rio de janeiro, em 12 de dezembro de 1907.  

Daniela Hoffbauer
Nov. 2022

 

Bibliografia

CUNHA, Beatriz R. da Costa e. O Colégio Militar do Rio de Janeiro: o modelo para a expansão do ensino secundário militar (1889-1919). Disponível em: https://bit.ly/3fb3Eaw. Acesso em: 26 out. 2022.

INSTITUTO DO CEARÁ. O centenário da Escola Militar do Ceará. Disponível em: https://bit.ly/3PO9JYU. Acesso em: 20 dez. 2022.

MALLET, João Nepomuceno. In: Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Editora FGV. Disponível em: https://bit.ly/3A5svEt. Acesso em: 4 nov. 2022.

MALLET, João Nepomuceno. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012.

MCCANN, Frank D. Reforma e construção. In: Soldados da pátria: história do Exército brasileiro 1889-1937. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras; Biblioteca do Exército Editora, 2009.

SEIDL, Ernesto. Condicionantes sociais na composição do alto oficialato militar brasileiro (1850-1930). In: HEINZ, Flávio M. (org.). História social das elites. Disponível em: https://bit.ly/3SjTX8w. Acesso em: 27 out. 2022.

SUPREMO TRIBUNAL MILITAR. Marechal João Nepomuceno de Medeiros Mallet. Disponível em: https://bit.ly/3BSo9kR. Acesso em: 20 dez. 2022.

 

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