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Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira

Publicado: Quinta, 18 de Janeiro de 2024, 10h40 | Última atualização em Quinta, 15 de Fevereiro de 2024, 10h26 | Acessos: 264

Nasceu em 2 de abril de 1847, na vila de Curralinho, atual município de Castro Alves, na província da Bahia. De família tradicional e influente na política local, era filho de Antônio Cerqueira Pinto e de Ana Fausta dos Santos Castro. Seu avô paterno, o coronel Antônio de Cerqueira Pinto, participou das lutas de Independência na Bahia; seu pai foi médico e diretor da Faculdade de Medicina da Bahia (1891-1895); e seus irmãos, João Evangelista de Castro Cerqueira e Alexandre Evangelista de Castro Cerqueira, foram médicos e professores da mesma faculdade de medicina, sendo Alexandre senador estadual na Bahia (1919-1920 e 1925-1926). Iniciou seus estudos no Colégio 2 de julho, em Salvador, transferindo-se para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Central, onde cursou engenharia. Em 1865, voluntariou-se à Guerra do Paraguai (1864-1870), recebendo o título de cadete, e participou de importantes operações da guerra, como as batalhas de Tuiuti, nos combates de Estabelecimiento e de Forte Laureles, Humaitá, Angostura, Lomas Valentinas, Tupuia, Peribebuí e Campo Grande, além da série de combates conhecidos como “dezembrada”, na região do Chaco. Em sua carreira no Exército, ocupou as graduações de primeiro-tenente (1870), capitão (1872), major (1880), tenente-coronel (1884), coronel (1890) e general de brigada (1891). Com o fim da guerra, retornou ao Rio de Janeiro e continuou seus estudos na Escola Militar, obtendo em 1874 os títulos de engenheiro militar e civil e bacharel em ciências matemáticas. Atuou como engenheiro, sob o comando do marechal Jerônimo Rodrigues de Morais Jardim, chefe da Inspetoria Geral de Obras Públicas da Corte, das obras de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro e da construção do reservatório de Pedregulho, inauguradas por d. Pedro II, em 1883. Integrou a Comissão de Limites entre o Brasil e a Venezuela, constituída pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Domingos de Sousa Leão, e chefiada pelo tenente-coronel Francisco Xavier Lopes de Araújo, futuro barão de Parima, realizados os trabalhos de demarcação entre 1880-1883. Em 1886, integrou a comissão brasileira encarregada de solucionar a questão de limites entre o Brasil e a Argentina, presidida por Guilherme Schuch de Capanema, o barão de Capanema, exibindo o relatório Exposição que os Estados Unidos do Brasil apresentam ao presidente dos Estados Unidos da América como árbitro segundo as estipulações do tratado de 7 de setembro de 1889, concluído entre o Brasil e a República Argentina. Em 1890 foi nomeado, pelo marechal Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório, consultor de Quintino Bocaiúva, ministro das Relações Exteriores, na questão do conflito entre Brasil e Argentina, a chamada Questão de Palmas. Protestou contra a assinatura do Acordo de Montevidéu, que contrariava seu parecer, por considerar que dava à Argentina terras brasileiras. Esse acordo não foi ratificado pelo Congresso Nacional brasileiro e seria levado ao oi e submetido ao arbitramento do presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland (1893–1897). Ainda em 1890, foi nomeado comandante da Escola Militar de Porto Alegre, e eleito deputado para a Assembleia Nacional Constituinte (1890-1891) e legislatura ordinária (1891-1893), pela Bahia. Por ocasião do golpe de Estado que fechou o Congresso Nacional, em 3 de novembro de 1891, e instaurou o estado de sítio, solicitou sua passagem à reserva do Exército. Em 1892, foi nomeado pelo presidente Floriano Peixoto para integrar missão diplomática chefiada por Francisco Xavier da Costa Aguiar de Andrada, o barão de Aguiar, que faleceu durante os trabalhos e foi substituído por José Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio Branco, nas negociações em torno da região de Palmas, reivindicada pela Argentina. Desse acordo, resultou o Tratado das Missões, assinado em 1895 a favor do Brasil. Foi reeleito deputado federal na legislatura 1894-1896, 1899 e 1900-1902. Em 1896, renunciou ao mandato na Câmara dos Deputados ao ser nomeado, pelo presidente Prudente de Morais (1894-1898), para o Ministério das Relações Exteriores, exercendo ainda a interinidade do cargo de ministro da Guerra (1896-897) e da Indústria, Viação e Obras Públicas (1897). Em sua gestão à frente da pasta de Relações Exteriores, assinou o Tratado de Limites (1898), que definiu a fronteira Brasil-Argentina, a última das fronteiras do sul a ser definida por tratado (1898), e atuou após a saída do cargo de ministro da comissão de demarcação pelo Brasil (1901/1904), entregando o relatório final em 1905. Em 1908, retornou ao serviço ativo do Exército, por ato do Congresso Nacional, sendo nomeado subchefe do Estado-Maior. Recebeu diversos títulos e condecorações durante sua trajetória profissional, dentre eles o de comendador da Ordem de Cristo, cavaleiro e oficial da Ordem da Rosa, além de ter sido detentor das medalhas do Mérito Militar, da Guerra do Paraguai e do busto de Bolívar. Foi sócio honorário do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Publicou os livros Reminiscências da Guerra do Paraguai e Reminiscências da fronteira, obra póstuma. Morreu em Paris, quando participava de uma missão militar, no dia 16 de fevereiro de 1910.

Daniela Hoffbauer
Maio 2023

 

Bibliografia

BENTO, Cláudio Moreira Bento; GIORGIS, Luiz Ernani Caminha (org.). História do Casarão da Várzea (1885-2008). Barra Mansa: AHIMTB/Gráfica e Editora Irmãos Drumond Ltda, 2009. Disponível em: https://shre.ink/n0Mc. Acesso em: 18 set. 2023.

BOTELHO, José Francisco; LIMA, Laura Ferrazza de. Guerra do Paraguai: vidas, personagens e destinos no maior conflito da América do Sul. Rio de Janeiro: HaperCollins, 2021.

CAPILÉ, Bruno R.; VERGARA, Moema de Rezende. Ciência na fronteira meridional: a comissão demarcadora de limites entre Brasil e Argentina (1900-1905). In: SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, 13. São Paulo. Anais, 2012. Disponível em: https://shre.ink/2EvR. Acesso em: 11 set. 2023.

CERQUEIRA, Dionísio. Reminiscências da campanha do Paraguai (1865-1870). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1980.

CERQUEIRA, Dionísio (Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira). In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012.

CERQUEIRA, Dionísio. In: ABREU, Alzira Alves de (coord.). Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Editora FGV. Disponível em: https://bit.ly/41UIXlM. Acesso em: 8 maio 2023.

PONDÉ, Francisco de Paula e Azevedo. Organização e administração do Ministério do Exército. Coordenação de Vicente Tapajós. Brasília: Enap; Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1994. (História Administrativa do Brasil; v. 37).

RADIN, J.C.; CORAZZA, G. Questão de Palmas. In: Dicionário histórico-social do oeste catarinense [on-line]. Chapecó: Editora da UFFS, 2018, p. 135-137. Disponível em: https://shre.ink/2EqQ. Acesso em: 11 set. 2023.

 

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