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Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra

oficiais da classe de engenheiros geógrafos e topógrafos, que possam também ter o útil emprego de dirigir objetos

administrativos de minas, de caminhos, portos, canais, pontes, fontes, e calçadas”.

Para atingir tal formação os

alunos tinham em seu plano de aulas cursos de ciências matemáticas, física, química, mineralogia e

ciências naturais, além, é claro, das matérias tipicamente militares, como tática, fortificações e artilharia.

Assim, a estrutura administrativa da Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra “herdada” pelo

Estado brasileiro independente era formada basicamente por um conjunto de instituições e órgãos

transplantados da organização imperial portuguesa, que, inicialmente, ofereceram uma estrutura que

mais tarde auxiliaria o desenvolvimento autônomo de quadros para a burocracia do novo país, com uma

academia militar própria para a formação de seus oficiais, um arquivo para compilar informações

importantes sobre a geografia e topografia do país, além de fábricas para suprir as necessidades de

ferro, armas e pólvora. Por outro lado, a organização adotada pelo Exército português, regulada por

alvarás e decretos do século XVIII, dotavam esta instituição de um caráter extremamente aristocrático,

ficando o exército dividido permanentemente em dois lados conflitantes: enquanto à nobreza eram

guardados os cargos do oficialato, o corpo de soldados era sempre composto pela massa pobre da

população - quando não por mercenários estrangeiros - muitas vezes recrutada à força e sujeita a duros

procedimentos disciplinares, como o Código de Guerra do Conde de Lippe

, 10

datado de 1763 e que

perdurou como principal legislação penal militar durante todo o Império.

Primeiros anos

Embora já houvesse a citada orientação em 21 de abril de 1821, expedida por d. João, para a criação

de uma Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra separada dos Negócios Estrangeiros, apenas em

2 de maio de 1822 o príncipe regente d. Pedro expede um decret

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determinando a separação das duas.

O decreto dividiu as secretarias, mas não foram criados novos cargos. Os oficiais existentes seriam

divididos entre as secretarias e o oficial-maior seria o mesmo nas duas. Ainda assim, 11 anos depois, a

decisão n. 269 ainda precisava alertar aos agentes do governo que os Negócios da Guerra e os

Negócios Estrangeiros eram repartições diferentes e que a Secretaria da Guerra é que deveria ser

comunicada em qualquer assunto relativo aos negócios militares

. 12

10

Wilhelm Lippe, Conde de Schaumbourg, foi um oficial alemão convidado por d. José I para reestruturar o exército português no século XVIII. No

começo de 1763 ficou encarregado de reorganizar e disciplinar o exército português, formulando vários planos militares e criando os “Artigos de guerra”,

que ficaram marcados por suas disposições penais criticáveis face ao entendimento das doutrinas da época.

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BRASIL. Decreto de 2 de maio de 1822. Divide em duas a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, ficando a Repartição dos

Negócios Estrangeiros debaixo da direção do ministro e secretário dos Negócios do Reino. Coleção das leis do Império do Brasil, Rio de Janeiro, parte 2, p.

14-15, 1887.

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BRASIL. Decisão n. 269, de 28 de setembro de 1832. Declara que deverão ser dirigidas diretamente à Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra as

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