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Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra

Apresentação

oi, sem dúvida, a chegada da família real ao Rio de Janeiro em 1808 o marco fundador das

secretarias de Estado no Brasil. O decreto de 11 de março daquele mesmo ano nomeou ministros e

secretários para as pastas dos Negócios do Brasil, da Marinha e Domínios Ultramarinos,

Estrangeiros e da Guerra, além do Erário Régio, mas, ao contrário de outros órgãos centrais da administração

portuguesa, as secretarias de Estado não receberam nenhuma disposição específica de funcionamento durante a

permanência da Corte no Brasil, mantendo-se em vigência o alvará de 14 de outubro de 1788. A emancipação

política em 1822 e o processo de constituição do Estado brasileiro, no entanto, proporcionaram a reorganização

das grandes áreas da governação, numa agenda política definida pela revolução liberal que assinalou mudanças na

tradição administrativa herdada do Antigo Regime.

F

Em 1821 os assuntos dos Estrangeiros e da Guerra, desde 1736 afeitos a uma única repartição, foram

desmembrados, ficando a Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra responsável pela organização do

Exército brasileiro. A tarefa de estruturar esta nova secretaria sob o modelo do constitucionalismo liberal

precisou levar em conta não apenas sua organização interna e a de seus órgãos subordinados, mas também de

aparelhar os corpos do Exército. Neste aspecto, papel da Secretaria da Guerra no processo de consolidação do

projeto monárquico no Brasil pode ser também dimensionado pela turbulência política dos primeiros anos pós-

independência. Assim, ao lado de instituições como Academia Real Militar, Real Arquivo Militar, Arsenal Real do

Exército, hospitais militares, dentre outras, foram instituídas também a Repartição do Quartel-mestre General,

em 1853, e a Repartição do Ajudante-general, em 1857.

Este novo número dos

Cadernos Mapa

analisa a organização da Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra

entre os anos de 1821 e 1889, destacando as vicissitudes enfrentadas para adequar este aparato administrativo ao

processo de construção do Estado imperial. A análise foi construída no quadro da disputa de poder entre liberais

e conservadores, já consagrada pela historiografia, e que conformariam o movimento de reformas da estrutura

administrativa legada pela metrópole portuguesa, cuja reorganização institucional tornara-se inevitável após a

Constituição de 1824.

Dilma Cabral

Supervisora do programa de pesquisa

Memória da Administração Pública Brasileira – Mapa

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