A versão que atribui a Vespúcio a descoberta casual da ilha no ano de 1503 sustenta-se na
narrativa
Lettera al Soderini,
cujo autor seria o próprio navegador. Essa narrativa, que já havia sido
considerada “inverídica” por Duarte Leite, foi também analisada por Sérgio Buarque de Holanda.
Holanda escreveu que os autores portugueses do século XVI consideraram a existência da
expedição de 1503, realizada logo após a expedição de 1501-1502 e comandada por Gonçalo Coelho,
tendo por base a célebre
Lettera al Soderini
, mas que “a moderna crítica histórica mostrou ser apócrifa
aquela carta, [assim] desaparece o principal fundamento onde assentavam as informações conhecidas
acerca da referida navegação” (HOLANDA, 1976, p. 90). No entanto, acrescenta que parece ser
verídico o fato de que“ uma ou mais expedições portuguesas alcançaram o litoral do Brasil pelo ano de
1503 e que numa delas iria o mesmo Fernão de Loronha, já associado, por alguns, à viagem de 1501-
1502.” (HOLANDA, 1976, p. 90). Mas, observou, a versão que atribui “o nome de Fernão de Loronha,
ou Noronha apontado mais recentemente [no comando da expedição de 1501-1502], não se apoia, por
ora, em documentação decisiva e incontroversa” (HOLANDA, 1976, p. 89).
11
Figura 1: Planisfério de Cantino,
com aproximação para mostrar a
ilha de Quaresma, hoje conhecida
como Fernando de Noronha.