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Edgar Roquette-Pinto

Publicado: Quinta, 12 de Janeiro de 2023, 10h45 | Última atualização em Sábado, 08 de Abril de 2023, 12h19

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, no dia 25 de setembro de 1884. Filho do advogado Manuel Menélio Pinto Vieira de Melo e de Josefina Roquette Carneiro de Mendonça, após a separação de seus pais viveu na fazenda Bela Fama, de propriedade de seu avô materno, João Roquette Carneiro de Mendonça, no interior de Minas Gerais. Em seus primeiros anos, teve uma educação aristocrática, com preceptores, aulas de piano, francês, italiano e latim. Em 1896, com a crise da economia cafeeira, retornou ao Rio de Janeiro, pois seu avô vendera a fazenda. Naquele ano, iniciou o curso de humanidades no externato Aquino, um tradicional colégio de ensino secundário privado do país. Em 1901, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, especializando-se em medicina legal e concluindo o curso com a apresentação da tese Etnografia americana: o exercício da medicina entre os indígenas da América, em 1905. No mesmo ano, foi aprovado em concurso público para o posto de assistente de antropologia física e etnografia do Museu Nacional, e iniciou o estudo dos sambaquis no litoral do Rio Grande do Sul. Em 1908, tornou-se perito médico-legal do Instituto Médico-Legal do Rio de Janeiro, ligado ao Serviço Policial do Distrito Federal. Ao longo dos primeiros anos de sua vida profissional, participou de importantes reuniões científicas, destacando-se o IV Congresso Médico Latino-Americano, ocorrido no Rio de Janeiro (1909), e o I Congresso Universal das Raças, realizado em Londres (1911), em que esteve ao lado do diretor do Museu Nacional, João Batista de Lacerda, que defendeu a tese de branqueamento racial da população brasileira. Após esse evento, permaneceu na Europa em missão oficial, tendo frequentado aulas do fisiologista Charles Robert Richet, do zoólogo e parasitólogo Alexandre Joseph E. Brumpt, e dos fisiologistas Felix von Luschan, M. Tuffier e Perrier. De volta ao Brasil, em 1912, realizou uma expedição ao lado de Cândido Rondon à Serra do Norte, zona compreendida por partes de Mato Grosso, Amazonas, Pará, Acre e Guaporé (atual Rondônia), entre os rios Juruena e Madeira, reunindo dados sobre os indígenas parecis e nhambiquaras, até então isolados. Ao longo da expedição, realizou as primeiras gravações fonográficas de cânticos indígenas e coletou abundante material etnográfico, que foi posteriormente incorporado ao acervo do Museu Nacional. A partir desse levantamento, produziu o documento Nota sobre os índios nhambiquaras do Brasil central, que apresentou em congresso realizado em Londres, em 1912, e o livro Rondônia, que seria publicado em 1917. Em 1916, tornou-se professor de história natural na escola Normal do Distrito Federal e, em 1920, professor convidado da cadeira de fisiologia experimental, na Universidade Nacional do Paraguai. Em 1922, por ocasião da exposição internacional do centenário da independência, quando ocorreu a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil, teve contato com a radiodifusão e, com apoio de Henrique Morize, presidente da Academia Brasileira de Ciências, fundou a rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A rádio, cujo propósito original era promover a “educação em massa”, iniciou as transmissões no dia 7 de setembro de 1923, com programação elaborada por membros da Academia de Ciências. Em 1924, foi nomeado chefe da Seção de Antropologia, Etnologia e Arqueologia do Museu Nacional. Em 1926, assumiu o cargo de diretor interino do Museu Nacional do Rio de Janeiro, durante impedimento do cientista Arthur Neiva, tendo sido efetivado em 1927 pelo presidente Washington Luís (1926-1930). Em sua gestão, reformou grande parte do edifício do museu, realizou um amplo trabalho de divulgação científica, reformulou as salas de exposição das coleções etnográficas indígenas e regionais, constituiu uma grande coleção de filmes científicos, criou a Seção de Assistência ao Ensino e a Revista Nacional de Educação, publicada de 1932 a 1934. Em 1929, presidiu o I Congresso Brasileiro de Eugenia, em que polemizou com as teses eugênicas de Renato Ferraz Kehl, reafirmando a ausência da educação como o maior problema nacional. Em 1932, foi nomeado professor-assistente de história natural da escola secundária Instituto de Educação do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, para exercer o cargo de chefe da Seção Técnica de Museus Escolares e Radiodifusão, do Departamento de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro. Ainda em 1933, criou uma rádio escola, de responsabilidade do município do Rio de Janeiro, cujo secretário de educação era Anísio Teixeira, intitulada Rádio Escola Municipal, rebatizada, em 1945, como rádio Roquette Pinto. Em 1935, por problemas de saúde, aposentou-se da direção do Museu Nacional. Em 1936, doou ao governo Getúlio Vargas a rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que enfrentava problemas financeiros e seria rebatizada como rádio MEC, com o compromisso de que atuasse somente como uma emissora voltada à educação popular, sem fins comerciais. Nesse mesmo ano, fundou o Instituto Nacional do Cinema Educativo e assumiu sua direção, com a missão de difundir nas escolas as atividades científicas e culturais realizadas no país, convidando o cineasta Humberto Mauro para esta empreitada. Foi ainda membro do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1938), vice-presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio (1939) e presidente do Instituto Indigenista do México (1940), tendo sido ainda designado para o Departamento de Difusão Cultural (1950). Em 1948, foi indicado pelo ministro da Educação e Saúde, Clemente Mariani, para compor a Comissão de Organização do I Congresso Brasileiro de Antropologia. Em 1950, tornou-se articulista da coluna Notas e Opiniões, do Jornal do Brasil. No processo de redemocratização brasileiro, após a queda do Estado Novo, participou da fundação do partido Socialista Brasileiro (PSB), em 1947. Um dos mais reconhecidos intelectuais de seu período, no campo da antropologia dedicou-se aos estudos em antropologia física, mas destacou-se ainda por sua atuação na divulgação científica e na realização de programas educativos e culturais. Foi membro de inúmeras sociedades científicas, como Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Academia Brasileira de Ciências, Sociedade de Geografia, Academia Nacional de Medicina, além de associações culturais, nacionais e estrangeiras, como a Academia Brasileira de Letras, na qual foi empossado em 1928. Deixou uma vasta obra: Excursão à região das lagoas do Rio Grande do Sul (1912), Antropologia (Guia das coleções) (1915), História natural dos pequeninhos (1916), Elementos de mineralogia (1918), Dicionário histórico, geográfico e etnográfico brasileiro (1922), Contribution à l’anatomie comparée des races humaines (dissection d’une indienne du Brésil) (1926), Ensaios de antropologia brasiliana (1933) e Etnografia americana (1935), entre outros. Morreu no Rio de janeiro, em 18 de outubro de 1954.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              Daniela Hoffbauer
Jun. 2022 

 

 

Bibliografia

ROQUETTE-PINTO, Edgar. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível em: https://bit.ly/3xsVLCP. Acesso: 6 jun. 2022.  

ROQUETTE-PINTO, Edgar. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012. p. 1.105.

ROQUETTE-PINTO, Edgar. In: BRASILIANA: A Divulgação Científica no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3aXDshI. Acesso: 8 jun. 2022.

MUSEU NACIONAL. Os diretores do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 2007-2008. Disponível em: https://bit.ly/3KlWifO. Acesso em: 21 jun. 2022.

LIMA, N. T.; SÁ, D. M. de. Roquette-Pinto e sua geração na república das letras e da ciência. In: LIMA, N. T.; SÁ, D. M. de (org.). Antropologia brasiliana: ciência e educação na obra de Edgar Roquette-Pinto. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008. p. 57-84.

RANGEL, Jorge Antônio. Edgard Roquette-Pinto. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Editora Massangana, 2010. Disponível em: https://iplogger.org/2RY1R5. Acesso em

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