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Carlos Machado Bittencourt

Publicado: Quinta, 03 de Novembro de 2022, 17h52 | Última atualização em Segunda, 11 de Março de 2024, 12h31

Nasceu em Porto Alegre, província do Rio Grande do Sul, em 12 de abril de 1840. Era filho do brigadeiro Jacinto Machado Bittencourt e de Ana Maurícia da Silva Bittencourt. De família com tradição em cargos militares, seu pai combateu na Guerra dos Farrapos (1835-1845) e na Guerra do Paraguai (1864-1870), e morreu após contrair hepatite no campo de batalha (1869). Seu avô, Camilo Machado de Bittencourt, lutou contra José Gervasio Artigas (1816-1820), na chamada Guerra de Artigas, e morreu em combate, na Argentina. Seguindo a tradição familiar, aos dezesseis anos iniciou carreira no Exército no 13º Batalhão de Infantaria, em Porto Alegre, em janeiro de 1857. No ano seguinte, ingressou na Escola Militar de Porto Alegre, onde concluiu os cursos de infantaria e cavalaria. Em 1859, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Central, e, em 1863, transferiu-se da infantaria para a cavalaria. Participou da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), que reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias de Solano López, e lutou ao lado de seu pai na 7ª Brigada de Infantaria. Esteve nas mais relevantes operações da guerra, como a transposição do rio Paraná, as batalhas de Estero Bellaco, Tuiuti, Avaí e Lomas Valentinas. Foi ferido na batalha do Tuiuti, em 1867, e retirou-se ao Rio Grande do Sul para tratamento de saúde. Em 1868, retornou à guerra e participou da série de batalhas conhecidas como “dezembrada”, na região do Chaco, que marcou a vitória das tropas brasileiras e a rendição paraguaia no forte de Angostura. Em sua carreira nas forças armadas, assumiu o comando de diversas organizações militares e importantes cargos, como o 4º Regimento de Cavalaria Ligeira, em Livramento (1885), o 4° Distrito Militar (1891), comandante superior da Guarda Nacional (1894), ajudante-general do Exército (1895) e ministro do Supremo Tribunal Militar (1896). Em 1890, no lugar de comandante das armas do Rio Grande do Sul, exerceu interinamente a presidência do estado, por ocasião da renúncia de Francisco da Silva Tavares. Em 1897, foi nomeado, pelo presidente Prudente de Moraes, ministro da Guerra, em substituição ao general Francisco de Paula Argolo, em virtude de descontentamento do presidente com as campanhas contra a revolta liderada pelo líder religioso Antônio Conselheiro, no vilarejo de Canudos, interior da Bahia, que já vencera três expedições militares do governo federal. Chefiou pessoalmente a quarta expedição contra Canudos, após as derrotas iniciais, reorganizou o apoio logístico às ações militares e adaptou a ação ao sertão nordestino. Derrotou Conselheiro e seus seguidores em outubro de 1897, numa ação sangrenta em que as tropas militares foram acusadas de executarem prisioneiros, mulheres e crianças. A morte de mais de vinte mil moradores do arraial de Canudos seria motivo de críticas de políticos e intelectuais à atuação das forças militares sob seu comando, como o senador Rui Barbosa e o militar e jornalista Euclides da Cunha, que publicaria o livro Os sertões sobre o conflito, bem como os estudantes da Faculdade de Direito da Bahia, que elaboraram um manifesto denunciando o massacre. Foi mortalmente ferido por Marcelino Bispo de Almeida, integrante do 10º Regimento de Infantaria, que atentara contra a vida do presidente Prudente de Moraes, em cerimônia de recepção das tropas que combateram em Canudos, no Arsenal de Guerra. Em sua trajetória na carreira militar, foi alferes (1860), tenente (1867), capitão (1869), major (1876), tenente-coronel (1881), coronel (1885), general (1890), general de divisão (1892), e marechal (1895). Recebeu as medalhas de mérito militar (1868) e a geral da campanha do Paraguai (1873), foi agraciado com o hábito da Imperial Ordem do Cruzeiro (1868) e de São Bento de Aviz (1874), e com os graus de cavaleiro da Ordem de Cristo e de cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa (1875). Pelo decreto-lei n. 2.112, de 5 de abril de 1940, foi consagrado patrono do Serviço de Intendência do Exército Brasileiro. Morreu no Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1897.

  Daniela Hoffbauer
Abr.2022  

 

 

Bibliografia

BITTENCOURT, Carlos Machado. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República 1889-1930. Disponível em: https://bit.ly/3LSeKwg. Acesso em: 7 abr. 2022.

BITTENCOURT, Carlos. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012. p. 206-207.

BURGI, Sérgio. Guerra de Canudos pelo fotógrafo Flavio de Barros. In: BRASILIANA Fotográfica. Disponível em: https://bit.ly/3M1ssNR. Acesso em: 11 abr. 2022.

COSTA, Carla. Cronologia resumida da Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Museu da República, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3Fzfbd5. Acesso em: 11 abr. 2022.

CUNHA, Euclides. Os sertões. Disponível em: https://bit.ly/3rloqHB. Acesso em: 13 abr. 2022.

MONIZ, Edmundo. Canudos: a guerra social. Rio de Janeiro: Elo, 1987.

VALENTE, Diogo. 100 anos do serviço de intendência (1920-2020): as realizações do militar e político marechal Carlos Machado Bittencourt. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://bit.ly/365CCNB. Acesso em: 11 abr. 2022.

 

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