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Irineu Evangelista de Sousa, barão e visconde de Mauá

Publicado: Terça, 15 de Mai de 2018, 13h23 | Última atualização em Sexta, 16 de Outubro de 2020, 10h54 | Acessos: 6740

Nasceu em Arroio Grande, Jaguarão, Rio Grande do Sul, em 28 de dezembro de 1813. Filho de João Evangelista de Ávila e Sousa e de Mariana de Jesus Batista de Carvalho, vinha de uma família de pequenos proprietários de terras voltados à criação de gado e à produção de charque. Órfão de pai aos 6 anos, sua guarda foi entregue ao tio materno José Baptista de Carvalho, capitão de barco dedicado ao comércio de cabotagem. Foi para o Rio de Janeiro, onde desde cedo empregou-se no comércio e trabalhou como caixeiro para o comerciante português João Rodrigues Pereira de Almeida, futuro barão de Ubá, até sua falência (1824-1829). Foi admitido, em 1830, na empresa de importação do escocês Richard Carruthers, com quem aprendeu inglês e contabilidade. Tornou-se diretor e sócio da empresa Carruthers & Company (1836), assumindo integralmente os negócios com o retorno de Carruthers para a Inglaterra (1837). Em 1839 trouxe a mãe e a irmã para morarem no Rio de Janeiro, além de Maria Joaquina de Souza Machado, sua sobrinha, com quem se casaria em 1841. Viajou para Manchester, Inglaterra em 1840, onde fundou um de seus primeiros empreendimentos, a firma Carruthers De Castro & Cia, em sociedade com Carruthers e José Henrique Reynall de Castro. Seu empreendedorismo se valeu do processo de modernização e diversificação da economia, ocorrido na segunda metade do século XIX. Atuou em diferentes ramos como o tráfico negreiro, a construção de navios, ferrovias e manufaturas, além do sistema financeiro e de crédito. Dentre seus empreendimentos, podemos citar a Fundição e Estaleiro Ponta de Areia, em Niterói (1846); a Companhia de Rebocadores da Barra de Rio Grande (1849); a inauguração da primeira estrada de ferro do Brasil, ligando o porto de Mauá à raiz da serra de Petrópolis (1854); a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro (1851); a Companhia Fluminense de Transportes (1852) e a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas (1852). Ajudou a criar uma colônia de açorianos em Manaus, abriu o canal do Mangue e criou a companhia de carris de ferro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Seu estaleiro de Niterói, que em dez anos construiu 70 navios, foi destruído por um incêndio em 1857 e aniquilado pelo decreto que isentava de tarifas alfandegárias navios construídos fora do país. Foi o autor da instalação do cabo que ligou o Brasil ao resto do mundo pelo telégrafo. Criou o Banco do Brasil em 1851, que posteriormente foi incorporado à iniciativa governamental para a instituição de um banco emissor. Em 1854, fundou a Mauá, MacGregor, e Cia., organizada como uma sociedade comandita, com filial em Londres. Teve interesses no Uruguai, onde fundou o banco Mauá e Cia. com sede em Montevidéu e filiais em Córdoba, Rosário, Rio Grande e Belém. Sua vida confunde-se com a trajetória do Império brasileiro. Foi membro do Partido Liberal e eleito deputado pelo Rio Grande do Sul muitas vezes entre 1856 e 1873. Desistiu da atuação política em 1873, quando renunciou ao cargo de deputado para dedicar-se integralmente aos negócios, afetados pela crise financeira que se desenrolava. Em 1875, decretou moratória de seu sistema, atingido pela crise bancária. Nabuco de Araújo tentou ajudá-lo, ao redigir um projeto que mudava o Código Comercial, mas a reforma chegou após a decretação de falência de seus negócios. Redigiu uma carta que expunha a seus credores e à opinião pública, em detalhes, todos os empreendimentos a que se lançara desde 1846, prometendo que pagaria a todos, de modo a restaurar seu nome. Por três anos pagou 66% do passivo. Decretada a falência, vendeu todo seu patrimônio de prédios, fazendas, sítios, louças e móveis. Morreu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 21 de outubro de 1889.

 

Bibliografia

CALDEIRA, Jorge. Mauá - Empresário do Império. São Paulo. Companhia das letras, 1995. (3a reimpressão)

CARVALHO, Mariana. Visconde de Mauá. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro. G. Ermakoff casa editorial. 2012.

FARIA, Sheila de Castro. Irineu Evangelista de Sousa (Visconde de Mauá). In: VAINFAS, Ronaldo (direção). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro. Objetiva. 2002.

TAVARES, Luis Henrique Dias. Da sedição de 1798 à revolta de 1824 na Bahia. Salvador: EDUFBA, 2003.

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