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José Bonifácio de Andrada e Silva

Publicado: Segunda, 13 de Fevereiro de 2017, 13h56 | Última atualização em Quarta, 28 de Outubro de 2020, 14h12 | Acessos: 14615

Nasceu em Santos, Brasil, em 13 de junho de 1763. Filho de Bonifácio José Ribeiro de Andrada e de Maria Barbara da Silva, foi batizado com o nome de José Antônio de Andrada e Silva, posteriormente trocado, o que se tornou tradicional em sua família de abastados comerciantes, que possuíam prestígio político e cujos membros destacavam-se em importantes cargos na capitania de São Paulo, como militares, bacharéis e religiosos. Fez seus primeiros estudos em Santos, com Manuel da Ressurreição, mais tarde bispo de São Paulo. Em 1777 foi para São Paulo, onde estudou gramática, retórica e filosofia. Ingressou na Universidade de Coimbra em 1783, tendo frequentado os cursos de leis, matemática e filosofia natural, bacharelando-se em filosofia e leis em 1787. Foi admitido como sócio livre da Academia das Ciências de Lisboa em 1789, por indicação de João Carlos de Bragança, duque de Lafões, um de seus fundadores. Mudou-se para Lisboa em 1790, ano em que obteve bolsa do governo português para realizar viagem científica por França, Itália, Alemanha, Dinamarca, Holanda e Suécia. Viajou ao lado dos acadêmicos Manuel Ferreira da Câmara Bethencourt e Joaquim Pedro Fragoso, tendo realizado estudos nas áreas de química, mineralogia, geologia, exploração mineira e metalurgia, especializando a sua formação como naturalista segundo os princípios da Ilustração portuguesa, em que o conhecimento científico tinha por objetivo a utilidade pública. Na Escola de Minas de Freiberg, Saxônia, Alemanha, foi aluno do importante geólogo e mineralogista, Abraham Gottlob Werner. Retornou a Portugal em 1800, quando foi nomeado professor da cadeira de metalurgia, da Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, iniciando uma bem-sucedida carreira na administração portuguesa: intendente-geral das Minas e Metais do Reino (1802); desembargador da Relação do Porto (1805); superintendente das Obras do Rio Mondego e das Obras Públicas de Coimbra; diretor das Obras de Encanamento e dos Serviços Hidráulicos; e provedor da Finta de Magalhães (1807). Por ocasião das invasões francesas integrou o Corpo Voluntário Acadêmico, formado por estudantes e professores de Coimbra, empenhados na luta contra Napoleão (1808). Em 1812, tornou-se secretário da Academia das Ciências de Lisboa, encarregado de registrar a história da instituição. Regressou ao Brasil em 1819 e, em 1820, realizou uma viagem científica ao lado de seu irmão, Martim Francisco Ribeiro de Andrada. Ingressou na atividade política no conturbado período do processo de independência, integrando a Junta Provisória de São Paulo, em 1821. Nesse mesmo ano redigiu Lembranças e apontamentos do Governo Provisório da Província de São Paulo para os seus deputados, documento que pretendia orientar a bancada paulista em sua participação nas Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa que foram instaladas com o objetivo de elaborar uma constituição para Portugal e seus domínios ultramarinos. Apesar da alcunha de “patriarca da independência”, defendeu a integridade do Reino Unido, numa monarquia dual, posicionando-se próximo aos proprietários de terras, traficantes de escravos e funcionários administrativos. Era contrário aos privilégios do Antigo Regime, à escravidão e ao poder absoluto dos monarcas e, do mesmo modo, à democracia e ao radicalismo da revolução. Coordenou o lançamento do manifesto que pediu a permanência do príncipe regente, d. Pedro, no Brasil, quando passou a ter atuação decisiva no processo de independência. Ainda na regência de d. Pedro foi nomeado secretário de Estados dos Negócios do Reino e Estrangeiros, e seu irmão, Martim Francisco, dos Negócios da Fazenda, em 16 de janeiro de 1822. Maçom, fundou no Rio de Janeiro a sociedade secreta Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, conhecida como Apostolado. Após a Independência manteve-se à frente da pasta do Império e Negócios Estrangeiros, exercendo o papel de principal conselheiro do imperador d. Pedro I. As disputas entre as diferentes facções políticas pelo projeto de nação a se constituir trouxeram uma forte oposição ao seu nome, o que o levaria a romper com o imperador, que demitiu o ministério que presidia, em 16 de julho de 1823. Assumiu sua cadeira de deputado na Assembleia Constituinte, reunida em março de 1823. Na oposição colaborou, ao lado de seus irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco, com o jornal liberal O Tamoio, fundado em agosto de 1823. Com a dissolução da Assembleia Constituinte por d. Pedro I, em 12 de novembro de 1823, foi preso e deportado, tendo se exilado, ao lado dos seus irmãos, na França por seis anos. Em 1829 retornou ao Brasil e foi escolhido pelo imperador, por ocasião de sua abdicação, em 1831, tutor de seus filhos. Participou das sessões da Câmara dos deputados em 1831 e 1832, como suplente do deputado efetivo Honorato José de Barros Paim. Foi suspenso do cargo de tutor pelo governo da Regência por decreto de 14 de dezembro de 1833, acusado de envolvimento com o grupo político dos caramurus ou restauradores, que advogavam pelo retorno de d. Pedro I. Confinado em sua residência em Paquetá foi processado por conspiração, tendo abandonado a vida política. Recebeu, de d. João VI, o título de conselheiro, em 1820. Foi membro das mais respeitadas academias científicas, como a Filosófica e a de História Natural de Paris, a dos Amigos da Natureza de Berlim, a Real Academia de Ciências de Estocolmo, a Geológica de Londres, a de Física e História Natural de Genebra, e a Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro, entre outras. Publicou inúmeros trabalhos na área científica, estudos e projetos políticos, como: Memória sobre a pesca das baleias, e extração do seu azeite, com algumas reflexões a respeito das nossas pescarias (1790), Experiências químicas, sobre a quina do Rio de Janeiro comparada com outras (1814), Memória minerográfica da serra que decorre de Santa Justa até Santa Comba e suas vizinhanças na província do Minho (1814-1815), Sobre a necessidade e utilidade do plantio de novos bosques em Portugal (1815), Memória sobre a nova mina de ouro da outra banda do Tejo, chamada Príncipe Regente (1817), História da Academia Real das Ciências de Lisboa, para o ano de 1818 (1818), Memória econômica e metalúrgica, sobre a fábrica de ferro em Sorocaba (1820), Apontamentos para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil (1823), Representação sobre a Escravatura (1823). Morreu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 6 de abril de 1838.

 

Bibliografia
CALDEIRA, Jorge (org.). José Bonifácio de Andrada e Silva. São Paulo: Ed. 34. 2002. (Col. Formadores do Brasil)

CAVALCANTE, Berenice. José Bonifácio: razão e sensibilidade, uma história em três tempos. Rio de Janeiro: FGV, 2001.

DOLHNIKOFF, Miriam. José Bonifácio. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. (Perfis Brasileiros)

HISTÓRIA DA CIÊNCIA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. SILVA, José Bonifácio de Andrada e (1763-1838). Disponível em: <https://goo.gl/3rbBLp>. Acesso em: 27 abr. 2015.

NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. “José Bonifácio”. In: VAINFAS, Ronaldo (dir). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 424-426.

RAMINELLI, Ronald. “José Bonifácio”. In: VAINFAS, R. e NEVES, Lúcia Bastos P. (org.) Dicionário do Brasil Joanino 1808-1821. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 270-273.

VARELA, Alex Gonçalves. “Juro-lhe pela honra de bom vassalo e bom português”: Análise das memórias científicas de José Bonifácio de Andrada e Silva (1780-1819). São Paulo: Annablume, 2006.

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